E deixa-me ai morar
Enquanto precisar
De me esconder do mundo
E me proteger
Deste ódio profundo.
Protege-me como antes
Quando éramos crianças
E nas nossas andanças
Me fazias arriscar
Em dar mais um passo
Mesmo que no embaraço
Me fizesses cair
E desatasses a rir
Das coisas que faço.
Mantém-me longe
Deste mundo cruel
Que já não sabe amar
Onde crianças inocentes
São obrigadas a lutar
Sem ter tempo nem vontade
De brincar, próprio da idade
Como costumávamos fazer.
Faz-me esquecer
Dos horrores que já vivi
Das más experiências que vi
Nos jornais, na televisão
Onde homens sem razão
Matam em seu belo prazer
Apenas por querer...
Acolhe-me no teu peito
E arranca o coração desfeito
De cada homem possuído
Por um negro ódio antigo
Onde um "irmão" é um alvo
Para abater ao acaso.
E se nada puder por fim
A esta vida ruim
Então acaba comigo
Tira a vida a este amigo
Que já não quer viver
Num mundo onde só querem sofrer
E causar sofrimento
A cada hora, em cada momento.