31 de dezembro de 2014

Abismo interior

Deixa-te cair nesse abismo
Que te envolve num abraço
E no seu regaço
Te permite chorar
Sem medos, expressar
Todos os sentimentos
Que inundam teu coração
E que por alguma razão
Te fazem afundar
Numa tristeza sem fim.

Entrega-te às sombras
E ai permanece
Enquanto a tua mente esquece
Todas as dores do passado,
Cada amor, mal amado
Que criou cicatrizes
Impossíveis de sarar
E que continuam a minar
Teu coração de ódio.

Deixa-te consumir
Por toda a podridão
Que por alguma razão
Te foi possuindo
Sem que conseguisses encontrar
Uma forma de a travar
E te controlar por completo.
Deixa que desapareças
Que sejas despedaçado
Por todo o desespero
Que te tem controlado

Mente Vs Coração

Sou um ser ausente
Que tenta viver
Sem nunca se entregar
A um sentimento
Que não compreende
Nem sabe como tratar...

Fecho-me na mente
Sem a perceber
Como realmente sente
O que cada momento
Lhe tem para oferecer...

Tento estudar meu coração
Para justificar a emoção
Que se espalha no meu corpo
Quando simplesmente te toco
Mas uma vez mais
Sem perceber o que rodeia
Meu corpo tanto te ama
Como te odeia
Apenas por me deixares assim
Sem controlo sobre mim...

E revolto-me
Contra a mente o coração
Que sem uma simples razão
Não se conseguem entender
Não sabendo o que fazer
Perante uma paixão
Que teima em me aproximar
Para logo a seguir me odiar.

Já não sei quem seguir
Em quem devo acreditar
Se num coração que se entrega,
Ao sonho de amar
Se uma mente que procura
Mesmo sem haver razão
Num motivo forte
Para ao amor dizer que não.

Arrisca!

Deixa-te levar
Não olhes para trás
É altura de arriscar
E ver o que a vida te trás...

Para de te esconder
Num canto sombrio
Não sabendo o que é viver
Tendo o coração vazio...

Entrega-te!
Arrisca!

Procura os teus desafios
A tua meta final
Vai alcançando passo a passo
A tua experiência real.

Não tenhas medo de errar
Servirá para aprender
E quando a viagem terminar
Poderás para trás olhar
Sem teres nada para te arrepender.

Deixa-te guiar
Ao sabor dos sentimentos
E desfruta dos momentos
Sem pensares no que poderá vir.

Quando abrires os olhos,
E observares o tempo que passou
Não te lembrarás dos erros
Mas do que de bom ficou
E num canto escondido
Irás sempre te arrepender
Do que por medo ou falta de força
Deixaste de fazer...

29 de dezembro de 2014

Aquela musica!

Vagueando
Pelas notas da tua musica
Vou dedicando
A minha atenção
Na melodia da tua canção
E a forma, como a tua interpretação
Transforma cada palavra
Numa inesperada emoção.

Vou descobrindo
Sentimentos escondidos
Em cada verso cantado
Por um violino acompanhado
Como algo de divino
Que não pudesse ser inventado.

Deixo-me embalar
Fecho os olhos para sentir
Meu corpo a vibrar
A cada mudança de ritmo
A cada batida, pulsação
Faz palpitar meu coração
De uma forma que não imaginaria
Que uma musica conseguiria
Me atingir...

E assim, espantado
Sonho acordado
A ouvir novamente
A melodia crescente
Que nos meus ouvidos se perpetua
Como uma tela nua
Onde posso escrever
O que me leva a sentir
Quando a estou a ouvir.

26 de dezembro de 2014

Presa no passado

Presa no passado
Como uma lembrança qualquer
Esqueci-me de ti criança
Encontrei-te como mulher.

Nada o fazia prever
Já que tinha esquecido
Mas ao voltar a te ver
Veio um sentimento perdido.

São muitas as recordações
De um tempo que passou
E muitas emoções
Que o vento levou...

Mas voltar a falar contigo
Fez-me recordar
Dos tempos em que ser amigo
Era pouco, para mim...

E agora estás aqui
Tanto tempo que passou
E o que sinto é estranho
Mas algo desse tempo ficou.

Não sei o que penso
Nem o que quero para mim
Mas ver-te é um recomeço
De uma história que não sei o fim.

Se me deixar levar
E viver o que sentia
Não importa o tempo que durar
Uma vida, ou um dia...

Será o tempo que for
Um momento especial
Desde que o viva intensamente
E de uma forma natural.

Entregue às drogas!

Perdido
Sem rumo
Todas as noites me afundo
Em várias drogas
Acompanhadas de borgas
Que me deixam de rastos...

Sem amigos, abandonado
Consumo ecstasy, sou um drogado
E sem ter para onde ir
Só me quero fundir
Com o canto onde me deito
Como eu, desfeito,
Sem hipótese de remendos.

Camisa rasgada
Cada sapato diferente
Calças de gangas rasgadas
Em todo o lado, menos à frente
E um boné sujo
Que aproveito para estender
Para as pessoas que passam
Dêem dinheiro para a droga
E se der, para o comer...

De noite,
Nem ninguém por perto
Escondo-me num canto algures
E choro baixinho
Por ter escolhido este caminho
E ter enterrado meu coração
Substituindo por um preto carvão
Que me alimenta de ódio
E um ruim sentimento
Que a qualquer momento
Me fará parar
Num beco sem respirar.

Amor sombrio!

Sombrio o sentimento
Que me queima por dentro
E transforma esta paixão
Num outro sentimento
Que sem intenção
Me toma por completo.

Meu corpo
Já não o consigo controlar
Desde que nossos olhos
Se cruzaram naquele olhar
E mesmo calada
Te ouvi dizer
Que sofreria
Por não te ter...

Negro
O meu futuro revejo
Devido a um beijo
Que ousei te dar
E sem me importar
No que pudesse acontecer.

Agora sofro calado
Sem coração a bater
Por o teres arrancado
E a teu belo prazer
O usado
Para no fim colocares de lado.

Hoje,
Sem já saber quem sou
Quem fui no passado
Vejo o amor transformado
Num inferno privado
Onde tenho vivido.

23 de dezembro de 2014

Coração desfeito!

Rasga-me o peito
Arranca-me o coração desfeito
Consumido pelo ódio e o rancor
De um pérfido amor
Que o levou à exaustão.

Solta-me desta loucura
Que só me atormenta
E se alimenta
De todo o meu ser.

Destrói cada lembrança
Cada sorriso, cada abraço
E deixa-me ao acaso
Para sofrer em solidão
Essa maldita paixão
A que me entreguei.

Apaga da memória
Cada pedaço da história
Que vivi, que passei
Onde fui amado e amei
E deixa-me vazio
Um corpo inanimado e frio
Como o meu coração
Sem nenhum emoção
Para com a vida...

E deixa-me
Largado a canto qualquer
A afogar as minhas mágoas
E esquecer essa mulher
Que com todo o prazer
Me atirou do abismo
Para a sombria realidade
Que o amor de verdade
Não existe quando se quer.

És parte de mim

Nunca te vi
E já me fazes sorrir
Fazendo pensar 
No que está para surgir
Quando a hora chegar.

Sinto-te mexer
A crescer,
Lentamente a desenvolver
Toda a personalidade
Que com a idade
Te irá moldar
E te tornar
Cada vez mais perfeita.

És, 
Ainda que não o saibas
A minha eleita
Para cuidar do meu coração
Que salta de emoção
Quando te ouve bater
Ou te pode ver
Ainda que através de um ecrã.

E no dia
Em que te abraçar
Decerto vou chorar
Por te ter nos meus braços
E esquecer-me dos acasos
Que me trouxe até ti.

Nesse dia,
Iniciará um novo ciclo
Que nunca vai terminar
Onde serás o centro
De qualquer acontecimento
Leve ele onde te levar.

19 de dezembro de 2014

Morte do poeta!

Negra foi-se transformando
A minha poesia
Sem um rumo ou direcção
Esfumou-se a inspiração
Num sopro sombrio

A alegria
De escrever do coração
Perdeu-se num dia
Em que a escuridão
Tomou conta de mim
Que ditou o fim.

Coração esse
Que agora é pedra
E teima em se quebrar
Deixando em mil bocados
Os sentimentos passados
E que não hão-de voltar.

A caneta
Já teima em não escrever
Enterrando o pensamento
Que julgava não existir
Quando me queria exprimir
De um qualquer sentimento.

Enterro,
A caneta
O papel
Os versos
Os poemas
Por uns tempos apenas
Com um desgosto
De não poder continuar
A escrever o que sinto

Fúria em mim!

Preso
A correntes invisíveis
Na minha mente
Fico exposto
Com medo no rosto
Por não me conseguir mexer.

Indiferente
Ao perigo eminente
Que se aproxima
Forço a quebrar
O que me está a prender
Sem nunca perceber
Que não me querem forçar
Apenas proteger.

Galopante
Em fúria
Aproxima-se num negrume
Um ódio estampado
Impossível de conter
Promete-se vingar
E para sempre acabar
Que o fez sofrer...

Paralisado
Ao ver o meu destino
Sem poder fugir
Vou-me encolhendo
Sentindo o medo
Apoderar-se de mim
À medida que conto
O passar do tempo
Para o meu fim...

Desesperada
A fúria sente o meu cheiro
Percorre cada beco
Para me encurralar
Mas segue frustrada
Por de forma inesperada
Não me encontrar.

E então liberto-me
Sem perceber o que aconteceu
E de novo sou eu
Sem um pingo de remorsos
Ou de raiva crescente
Vivo de novo intensamente
Como se cada segundo já não fosse meu.

16 de dezembro de 2014

Beija-me!

Beija-me
Diz que me adoras
Mesmo que não estejas a sentir
Que eu preciso de o ouvir
Mesmo que estejas a mentir.

Beija-me
Faz-me recordar os momentos
Em que havia felicidade
E expunhamos sentimentos
Sem qualquer dificuldade.

Beija-me
Mostra-me o que é amar
Que apesar de te ter feito sofrer
Pior é me perder
Do que me odiar.

Beija-me
E abraça-me lentamente
Deixando o tempo passar
Levando a que a nossa mente
Se sinta indiferente
Ao que nos está a rodear.

Beija-me
Como se fosse a ultima vez
Pois quando acordar
E perceber que sonhei
Vou me lembrei
Que estupidamente te deixei

Não vai haver esse um beijo
Que me faz sentir melhor
E apague este desejo
Desejo que se transformou em amor.

9 de dezembro de 2014

A dor que nunca sentiu

Era uma vez
Um pequeno escritor
Que não sabendo o que escrever
Escrevia sobre a dor
Que não estava a sentir
Mas que sabia exprimir
Como se a estivesse a viver.

E vivendo na ilusão
De tudo o que escrevia
Por vezes sentia
A mágoa das palavras
Como se fossem reais
E as dores naturais
De quem, sem ter vivido
Tinha deveras sentido.

Sem conseguir separar
A escrita, da realidade
Amou de verdade
Sem nunca amar
E de coração partido
Magoado, enegrecido
Deixou de viver
Sem nunca se aperceber
Que apenas escrevia
E nada disso sentia.

E assim,
Quando o amor chegou
Não se apercebeu
Pois o coração parou
De querer se apaixonar
Não por já ter sofrido
Mas por ter sentido
O que o escritor escreveu
E assim morreu,
Sem ninguém entender,
Um amor, antes de nascer.

5 de dezembro de 2014

Perguntei ao tempo...

Perguntei ao tempo
Quanto tempo tinha para amar
Ele disse-me que um segundo
Deveria bastar...

Que nada é eterno
Nem poderia ser
Mas um amor bem vivido
É o melhor que se pode ter...

Voltei a perguntar ao tempo
O que precisava para ser feliz
Ele respondeu-me baixinho
Ficar satisfeito, com o que sempre quis...

Pensei no que me disse
Para então perceber
Que a felicidade estava ao meu lado
Mesmo sem eu a ver...

Questionei mais uma vez ao tempo
Quanto tempo tinha para aproveitar
Ele mostrou-me, sem esperar
Que tinha passado o momento...

Só então me apercebi
O tempo que perdi
Procurando o que não precisava
Perdendo o que sempre quis
E quem amava...

4 de dezembro de 2014

Vive sem limites!

Solta-te
E deixa o conforto
A que estás habituado!

Muda de lado
De local, 
De posição.
E deixa a razão
Ser afundada
Dando largas à vontade
De fazer a loucura desejada.

Quebra as amarras
Que prende o teu espírito
E deixa-te vaguear
Para onde o coração mandar
Sem ter medo do erro
Do fracasso
Do insucesso, 
Apenas te peço
Por uma vez, tentar!

E não te inibas
Nem te envergonhes
Com o que possam pensar.
És livre de seres quem és
Esteja ou não o mundo aos teus pés
És assim para ti
Não para te dizerem bem
E tenta ser feliz
A tal felicidade que ninguém tem.

Vive nas tuas regras
Sem ligares ao que te mandam fazer
E vive a tua viva
Como ninguém ousa viver.

E quando tudo parar
Teu coração parar de bater
Olha para trás,
Para recordar
Tudo o que a vida te permitiu fazer.

3 de dezembro de 2014

Vento, leva-me contigo!

Vento
Leva-me contigo
Para lá do pensamento
E encontra-me um abrigo
Onde, num abraço dum amigo
Me possa perder no tempo.

Deixa-me soltar
Deixar partir a minha mente
E ser indiferente
Ao mundo que me rodeia
Que me ama, que me odeia
Sem ter feito nada para isso.

Abraça-me e protege
Do que não consigo compreender
E faz-me entender
O que posso mudar
Sem ter que magoar
Quem me quer bem.

E no fim, 
Traz-me de volta
Para o mundo que vivo
E não sendo o paraíso
É onde quero estar
E aqui demonstrar
De que sou feito
Um ser imperfeito
Pronto para amar.

E se não for suficiente
Para os demais
Percebam neste instante
Que a única coisa importante
É viver livre,
Sem imposições irreais.