28 de agosto de 2015

Viver na demência

Entrego-me ao abismo,
À escuridão...
E vejo com tal realismo
A pérfida razão
Da minha existência...

Nasci para sofrer,
Para causar sofrimento,
Para ver o mundo morrer,
Sem dor, nem sentimento,
Apenas contemplando a ausência...

Sou um ser errático
Vivendo em agonia
Cada noite, cada dia,
Mostrando o lado prático
De uma sociedade em decadência...

Alimento-me do rancor
Do desprezo, da solidão
Abomino a compaixão,
A amizade, o amor
E qualquer tipo de carência...

Sou o caminho para o fim,
Nascido para morrer,
Alguém que não escolheu ser assim
Mas assim gosta de ser,
Vivendo na sua demência.