28 de abril de 2016

Demónio Provocante!

Preso na solidão,
Que habita em meu ser
Não encontro solução
Para quebrar esta prisão
Que me impede de viver.

Que me prende a respiração,
E me impele a continuar neste sofrimento,
Sentindo esta fraca emoção,
Que não permanece no pensamento,
Nem me pede perdão.

Tento lutar,
Não cair em declínio,
Mas sinto algo a me agarrar
A aos poucos a me empurrar
Para o teu abraço de domínio.

Para o sufoco da carência,
Da loucura e da demência,
No longínquo obscuro abismo,
Que ataca meu cepticismo,
Com amargura e irreverência.

E me deixa desarmado,
A cada investida
Sabendo que sou usado,
Um brinquedo maltratado,
Para te manter entretida.

Demónio provocante,
Insatisfeita, possante,
Que vagueias nesse submundo,
Como um ser vagabundo,
Que me prende dilacerante.

Não me irei render
Tentarei lutar
E assim reivindicar
A vida que me tens tirado
Neste asilo forçado.

Em participação com a Ana Goulart!

27 de abril de 2016

Ilusão permanente

Tentei lutar...
Tirar-te do meu pensamento
Mas era nesse momento
Que te tornavas permanente
E o teu corpo ardente
Queimava o meu de desejo
Pedindo um beijo
Que ansiava te entregar.

Tentei apagar
Da minha mente,
Mas era indiferente
A cada esforço, vinhas reforçada
No papel de mulher amada
Pedindo a atenção
Que o meu pobre coração
Queria te dar,
Mas não podia nem sequer te tocar.

Eras feita de ilusão
Criação dos meus sonhos proibidos
Juntando desejos antigos
Impossíveis de concretizar
Encarnados no teu ser
Prometendo-me oferecer
O que sabia não alcançar
Mas que não parava de tentar.

21 de abril de 2016

Lisboa, és a cidade...

Lisboa,
Cidade à beira mar deitada
De braços abertos ao Mundo
Excitas e és contagiada
Por um sentimento profundo.

Lisboa,
Sete colinas tens para oferecer,
Parques, jardins e monumentos
És bela de madrugada até ao anoitecer
Despertas um turbilhão de sentimentos.

És a cidade menina,
Que todos viram crescer
És a saudosa alfacinha
Que todos querem conhecer.

És o porto de abrigo,
Para noitadas e petiscos
És o ombro amigo,
Quando se acabam os namoricos.

És o fado de alfama
Que todos param para escutar
És a cidade que o povo ama
Que se conhece a caminhar.

15 de abril de 2016

A minha música...

Agarrado à tua melodia
Sinto a energia
A fluir no meu corpo
Como se de um sufoco
Me libertasse
E assim me inspirasse
A escrever...

Preso a cada nota
Do teu violino
Sinto o seu som cristalino
A percorrer minha alma
E a trazer de volta
Esta sensação que me acalma
Que só ele o pode fazer.

Cada batida,
Da bateria que te acompanha
É o bater do meu coração
Entregue à tua canção,
Onde jamais alguém me apanha,
Solto, em cada nota perdida
Tocada com emoção.

É neste embalar,
Que a inspiração vai crescendo
E assim aparecendo
Um poema a ti,
À musica que me fez vibrar,
Rir, sonhar e chorar
E perceber que te escrevendo
Me fazes ver o que vivi.

8 de abril de 2016

Mendigo

Noites ao relento,
Protegendo-se do frio
É uma sopa quente, que dá alento
A mais um dia vazio.

Casa de mantas e cartão
Numa esquina qualquer
É o canto protegido,
Onde em caso de perigo
Se procura proteger.

Mendiga por um pão,
Algo com que se possa alimentar
E assim sobreviver
A mais um dia abandonado
A uma triste realidade
Que existe mesmo ao nosso lado
Se que seja vista de verdade.

Dias a deambular,
Sem um caminho traçado
Sendo que o destino final
Para mais um dia banal
É o canto gelado,
Irregular, molhado
Onde acaba por se deitar
E dormir "acordado".

Uma vida de solidão
Onde se é olhado com desdém
E um gesto amigo,
Que seria sempre bem vindo
Tarda ou não vem.

4 de abril de 2016

Vou partir...

Vou partir...
Sem rumo, nem direcção
Parto sem qualquer razão
Que queira vos dizer.
Parto para me conhecer
Ou conhecer o meu passado
Onde, sem nunca dizer adeus
Fiquei acorrentado.

Preso, nas lembranças
Nos sonhos de crianças
Vive o meu ser,
Esquecendo de viver
O presente,
O momento,
Apagando para sempre
Cada sensação e sentimento.

Parto para me soltar,
Para regressar ao dia-a dia
Para o passado enterrar
E sentir a alegria
De viver o hoje,
O que o mundo tem para oferecer
Em vez de me refugiar no passado
Que não quero esquecer.

Quebro as amarras
Soltando um barco à deriva
De novos desafios,
De desejos, de aventuras.
Parto sem rumo, às escuras
Aberto ao que poderá acontecer
Pronto para finalmente viver
Cada experiência que surgir.