31 de agosto de 2015

Navio sem porto!

Quero ser livre,
Poder soltar as amarras
Que me prendem ao corpo
E vaguear sem receios,
Por um universo desconhecido,
Que responda aos meus anseios
De ser um navio sem porto.

Quero a liberdade,
O dizer a verdade,
Sem medo da consequência.
Viver a vida como quero
Sem manter a aparência,
Do errado ou do certo,
Do abstracto ou do concreto,
Que não me fazem ser Eu.

Quero partir,
Voltar quando quiser,
Poisar onde me der,
Vontade de poisar
E ai desbravar
Um mundo novo,
Repleto de novas sensações
De sonhos e desilusões
Que possas experimentar
E com elas aprender.
Que possa crescer,
Sem ter o medo de errar.

Serei um navio sem bandeira
Sem porto fixo para poisar,
Deixando as ondas me levarem
Para parte incerta,
Para que a cada descoberta,
Me possa conhecer
E assim entender
A que porto retornar.

28 de agosto de 2015

Viver na demência

Entrego-me ao abismo,
À escuridão...
E vejo com tal realismo
A pérfida razão
Da minha existência...

Nasci para sofrer,
Para causar sofrimento,
Para ver o mundo morrer,
Sem dor, nem sentimento,
Apenas contemplando a ausência...

Sou um ser errático
Vivendo em agonia
Cada noite, cada dia,
Mostrando o lado prático
De uma sociedade em decadência...

Alimento-me do rancor
Do desprezo, da solidão
Abomino a compaixão,
A amizade, o amor
E qualquer tipo de carência...

Sou o caminho para o fim,
Nascido para morrer,
Alguém que não escolheu ser assim
Mas assim gosta de ser,
Vivendo na sua demência.

27 de agosto de 2015

Perdi-te!

Perdi-te...
Após mentir,
Para não magoar,
Após fugir
Para não te encarar...
Perdi-te!!!

Meti o pé pela mão,
E na ânsia de te recuperar
Segui meu coração,
Em vez de aguardar.
Deixar o ódio arrefecer
E a chama voltar
Para que pudesses perceber
Que  não te faço sofrer
Que apenas te quero amar.

Mas fiz tudo errado
E perdi-te para sempre
Num amor condenado
À extinção permanente,
Onde qualquer recordação
Deste amor ultrapassado
Será uma inglória ilusão
De um qualquer momento imaginado.

7 de agosto de 2015

Despedaçado!

Despedaçado,
Meu coração,
Fragilizado
É atirado ao chão...

Objecto vulgar
Usaste em teu prazer
E sem novo uso para dar
Deixaste-o a morrer...

Abres golpes profundos,
Sangra até ao fim
Leva horas, talvez segundos
Até não te lembrares de mim.

E fico num negro vazio
Onde choro tua ausência
Sacudindo-me de dor e frio
Entregando-me à demência.

Sou uma alma sem ser,
Sem amor nem coração
Sou um corpo a morrer
De uma grande desilusão...