26 de março de 2015

Estendo a mão...

Estendo a mão
Para obter ajuda!
Sair desta solidão,
Onde sem se aperceberem
Me vou afundando.

Estendo a mão
E chamo baixinho!
Não pela vergonha
De pedir ajuda
Mas por já não ter forças
Para gritar ao mundo
Que me estou a afundar
Num escuro profundo.

Estendo a mão
E suplico por atenção!
Que me possa ouvir
E ajudar a sair
Deste buraco, onde sem me aperceber
Acabei por cair.
Sem forças para lutar
Para trepar
Os meus medos
E surgir como antigamente
Afundo-me na minha mente
Para um canto.

Estendo a mão...
Sem saber ao certo
Se desta solidão quero sair
E assim enfrentar
Um mundo de desafios,
De olhares rancorosos e frios,
Que teimam em julgar
Sem ao menos conhecer,
Quem estão a mal tratar,
Quem estão a fazer desaparecer.

23 de março de 2015

Odeio-te...

Odeio-te...
Não consigo explicar!
Mas meu peito arde
Com a vontade de gritar:
Que és uma ilusão
Te espalhas um vírus
E atacas o coração
Para que ao fim de um tempo
Pare de bater
Ao ritmo de uma paixão
Para o ritmo do sofrimento.

Odeio-te...
Como nunca pensei odiar.
E odeio-me por dentro
Por me ter deixado apaixonar
Por te ter deixado entrar
Na minha vida.

Odeio-te...
Ao ponto de já não me conhecer
Quando olho ao espelho
E o ódio que te tenho,
Cobre o meu reflexo
Transformando o meu ser
Numa chama ardente
Que só pensa em desfazer
O mal que plantaste
Dentro de mim.

Odeio-te...
Quando ainda te julgava amar!
Quando pensei já nada sentir!
Quando apenas eras ar,
Que suspirei ao ver-te partir.

Odeio-te...
E odeio-me por te odiar!

20 de março de 2015

Medo!

Medo!
É o que guardo em segredo
No meu subconsciente.

Medo de errar,
De não saber o que fazer.
Medo de falhar
E acabares tu por sofrer.

Medo de não ser
O que esperam de mim.
Medo de ser uma farsa
Sem principio nem fim.

Medo de perder
O que para mim é importante.
Medo de não viver
Cada minuto, cada instante.

16 de março de 2015

Amo-te simplesmente!

Vejo-te num sonho
E abraço...
E nesse embaraço
De mostrar o que sinto
Quase que te minto
Ao dizer que o sentimento
Que me invade por dentro
Não é o que estou a sentir
Mas o que quero fingir
Que não acontece...

O desejo de te ter
E o medo de te perder
De mãos dadas frequentemente
Enganam minha mente
No que deve fazer.

Arriscar
E contar
O que sinto por ti
Esperando ver a reacção
Dando-me razão
Que devia esperar
E talvez não te contar
Para continuar ao teu lado?

Ou guardar para mim
E continuar contigo
Como simples amigo
Ficando satisfeito
Por partilhares os teus sonhos
Objectivos e receios
E quais os meios
Para atingires as tuas metas?

Não sei como agir
Sem correr o risco de te perder
Mas já não sei quem engano
Ao não te contar
Que simplesmente te amo
E é contigo que quero estar.

Negro silêncio

Afundo-me
Num negro silêncio
Que invade a minha alma
E me acalma.

Sombrio
Assim fica o meu olhar
Onde me vejo a pairar
Nalgum pensamento
Em que algum momento
Se tornou vazio.

Adormecido
De calor e paixão
Rasgo a desilusão
De cada sentimento
Que me deixa cinzento
Louco, perdido
Desse amor vivido
Amargo e doentio.

Essa lembrança
Corroí-me a mente
Qual ácido que acende
O pior de mim
E leva-me ao fim
Dos meus piores medos
Que guardo em segredos
Espalhados pelo peito
Entretanto desfeito
Pelo teu sofrimento...

Meu coração apodrecido
Bate lentamente
Relembrando justamente
Como se sente magoado
Por o teres trocado
Abandonado
A um destino cruel.

10 de março de 2015

Paro um pouco

Paro um pouco
Deixo cair a caneta
Com que escrevo lentamente
Tudo o que me afecta
O corpo ou a mente...

Paro um pouco
E respiro
Tentado encontrar
A pessoa que eu aspiro
Chegar.

Paro um pouco
Dou descanso à mão
Que não para de escrever
Indo atrás da inspiração
Que teima em desaparecer...

Paro um pouco
Desligo-me da folha de papel
Que, em branco, me desafia
A não duvidar
Do que posso fazer
E assim escrever
O que o coração ditar...

Paro um pouco
Sem intenção de recomeçar
O poema incompleto!

Reescrever a história!

Tentei esquecer
Apagar minha memória
E voltar a viver
Reescrevendo a história.

Deixar no esquecimento
Tão pérfida vivência
Aproveitar o momento
Para uma nova experiência...

Mas não consegui...
Algo me prendeu
E trouxe-me de volta
A um mundo só meu
Onde dor e ilusão
Andam de mãos dadas
Onde a cabeça e a razão
Seguem vias separadas.

Luto,
No meu interior
E imploro
Para que possa redimir
Para que consiga começar
Uma vida sem fugir
Dos segredos, do rancor
Que me levaram a destruir
Uma vida, por amor...

Algo em mim desapareceu
E pretendo recuperar
Deixem-me soltar
E viver novamente
Uma vida diferente
Sem relembrar o passado
E um amor acabado
Tragicamente...

6 de março de 2015

Assim ficou minha vida!

Sujo
Arruinado
Sem abrigo
Desempregado
Faminto
Desesperado
Assaltante
Algemado

Assim se resume uma vida
Desmoronada em semanas
Após roubarem-lhe um trabalho
Um tecto, e as camas...

Assim levei uma vida
Já sem saber para onde seguia
Querendo comer alguma coisa
Com dinheiro que já não via...

Assim estraguei várias vidas
Por ser empurrado para a pobreza
Sem saber o que me acontecia
Aninhando-me na tristeza.

Assim acabei com várias vidas
Que devia proteger
E sem saber o que fazer
Tornei as semanas vazias.

Assim deixei de viver
Sem saber como lutar
Assim prefiro eu morrer
Do que voltar a roubar.

3 de março de 2015

Invisível

Escuridão
Inunda-me os sentidos
Atirando-me ao chão
Frio,
Sombrio,
Que me prende
Com uma força sobrenatural.

Solto um grito animal
De raiva,
Frustração
Para chamar a atenção
De quem me possa ouvir.

Invisível,
Ninguém me vê
Mesmo que passem ao meu lado
E nem um cuidado prestam
Nem um estender de mão
Para me retirar do chão
Onde me encontro abandonado
Isolado do mundo
Num silêncio ensurdecedor
Profundo...

Tento-me levantar
Sair desta agonia
E retomar o meu caminho
Mas sem forças para o conseguir
Deixo-me ficar onde me encontro
E desligo-me da vida
Sendo pisado
Por quem não me ajudou.

2 de março de 2015

Ouves-me?

Ouves-me?
Quando falo baixinho
Perdido num canto
Pedindo um carinho
Que apenas pelo seu encanto
Me fazem acalmar
E sossegar meus pensamentos
Delirantes
Dilacerantes
Da alma
E de sentimentos.

Ouves-me?
Quando grito bem alto
Em plenos pulmões
Quando grito ao ouvido
O que me atormenta o espírito
E me causa sensações
De vazio
De solidão
De um amor doentio
Que me tolda a razão.

Ouves-me?
Quando fico calado
E num silêncio exprimo
Toda a minha dor
E sofrimento
Todo o meu amor
E ressentimento
Por não te poder dar mais
Por já não saber para onde vais
Por não caminharmos como um só.

Ouves-me?
Receio bem que não...

Pois já não me consigo ouvir
Já não consigo sentir
Mais do que a solidão
E a dor de apenas existir...