3 de fevereiro de 2014

Vagabundo

Atirado para a rua
Como um vagabundo qualquer
Perdi o meu trabalho,
O meu rumo,
A minha mulher...

Minha família não me fala
Quando me vê, olha-me de lado
Estou sem forças para reagir
Estou visivelmente cansado.

Já não sei o que é comer
Uma refeição normal
E passo as noites a dormir
Num banco, sobre o jornal.

O frio é meu amigo
Aconchegando-me ao anoitecer
Fazendo-me pensar por vezes
Se o melhor não será morrer.

Fui perdendo tudo
Sem ter forças para a reacção
Fiquei chato, desequilibrado
Violento, rezingão.

Vi a vida abandonar-me
Sem ter forças para lutar
Fui arrastando-me para algum lado
Onde pudesse apenas ficar.

Estou teso, sem dinheiro,
Sem família para amar.
Sou vagabundo a tempo inteiro
E a rua é agora o meu lar.