23 de abril de 2012

Ser o que sempre fui

Hoje não sou eu,
Não sei o que se está a passar, 
Mas quero desaparecer
Para onde ninguém me possa encontrar.

Quero partir para longe
Talvez para nunca mais voltar
Quero ir para o desconhecido
E por lá ficar.

Quero deixar de ser quem sou
Quero que desapareça o que me mudou
Quero finalmente poder gritar
Que tenho liberdade para mudar.

Parece que quero muito
É o que dá a entender
Mas o que quero é muito pouco
É poder apenas ser
O que sou realmente
E não uma farsa para toda a gente
Não se chocar
Ao me encontrar.

Só espero me encontrar
Eu próprio!
Dentro de mim!
E voltar dessa forma, enfim
A ser o que sempre fui.

É contigo que quero estar

Angustia!
Por te sentir perder
E não saber o que fazer
Para inverter a situação
Que afunda o meu coração
Para um abismo sem fim.

Desilusão!
Por não ter visto
Que era exactamente isto
Que tu querias para nós
Enquanto eu gritava a viva voz
Amo-te e não me deixes para trás.

Ódio!
Por ter sido um brinquedo
Que para ti não teve segredo
Usando a seu belo prazer
Até te apetecer
E depois deitares fora.

Esperança!
Por te poder esquecer
E voltar a querer viver
Esperando um dia encontrar
Quem me queira realmente amar

Desejo!
Por sentir sentimentos
E partilhar momentos
Que só terei ao teu lado.

Já não me interessa...

Sem qualquer razão
Deixei de te querer
Deixei de querer saber
Se estás comigo ou não.

Já devia ter percebido
Que não iria dar certo
Que o que era correcto
Era ser apenas um amigo.

Mas foi mais forte a vontade
Do que o senso comum
E afinal fui apenas mais um
Essa é a única verdade.

Agora resta-me seguir
Um rumo por mim traçado
E esperar, sentado
Que deixes de existir.

Esse dia vai chegar
E libertar-me deste amor
Que apenas me causou dor
E me fez um dia chorar.