19 de dezembro de 2014

Morte do poeta!

Negra foi-se transformando
A minha poesia
Sem um rumo ou direcção
Esfumou-se a inspiração
Num sopro sombrio

A alegria
De escrever do coração
Perdeu-se num dia
Em que a escuridão
Tomou conta de mim
Que ditou o fim.

Coração esse
Que agora é pedra
E teima em se quebrar
Deixando em mil bocados
Os sentimentos passados
E que não hão-de voltar.

A caneta
Já teima em não escrever
Enterrando o pensamento
Que julgava não existir
Quando me queria exprimir
De um qualquer sentimento.

Enterro,
A caneta
O papel
Os versos
Os poemas
Por uns tempos apenas
Com um desgosto
De não poder continuar
A escrever o que sinto

Fúria em mim!

Preso
A correntes invisíveis
Na minha mente
Fico exposto
Com medo no rosto
Por não me conseguir mexer.

Indiferente
Ao perigo eminente
Que se aproxima
Forço a quebrar
O que me está a prender
Sem nunca perceber
Que não me querem forçar
Apenas proteger.

Galopante
Em fúria
Aproxima-se num negrume
Um ódio estampado
Impossível de conter
Promete-se vingar
E para sempre acabar
Que o fez sofrer...

Paralisado
Ao ver o meu destino
Sem poder fugir
Vou-me encolhendo
Sentindo o medo
Apoderar-se de mim
À medida que conto
O passar do tempo
Para o meu fim...

Desesperada
A fúria sente o meu cheiro
Percorre cada beco
Para me encurralar
Mas segue frustrada
Por de forma inesperada
Não me encontrar.

E então liberto-me
Sem perceber o que aconteceu
E de novo sou eu
Sem um pingo de remorsos
Ou de raiva crescente
Vivo de novo intensamente
Como se cada segundo já não fosse meu.