9 de dezembro de 2014

A dor que nunca sentiu

Era uma vez
Um pequeno escritor
Que não sabendo o que escrever
Escrevia sobre a dor
Que não estava a sentir
Mas que sabia exprimir
Como se a estivesse a viver.

E vivendo na ilusão
De tudo o que escrevia
Por vezes sentia
A mágoa das palavras
Como se fossem reais
E as dores naturais
De quem, sem ter vivido
Tinha deveras sentido.

Sem conseguir separar
A escrita, da realidade
Amou de verdade
Sem nunca amar
E de coração partido
Magoado, enegrecido
Deixou de viver
Sem nunca se aperceber
Que apenas escrevia
E nada disso sentia.

E assim,
Quando o amor chegou
Não se apercebeu
Pois o coração parou
De querer se apaixonar
Não por já ter sofrido
Mas por ter sentido
O que o escritor escreveu
E assim morreu,
Sem ninguém entender,
Um amor, antes de nascer.